O Grupo Pão de Açúcar está retornando às suas raízes supermercadistas após uma década de diversificação sob o comando do grupo francês Casino. A empresa, que já foi uma das mais fortes do mercado brasileiro, agora vale cerca de R$ 1,5 bilhão na B3, refletindo anos de expansão mal-sucedida e vendas de ativos.
Após assumir o controle do GPA, o Casino transformou a empresa em uma holding multinegócios, incluindo postos de gasolina, e-commerce e a varejista colombiana Éxito. No entanto, essa estratégia acabou falhando, resultando em uma empresa dispersa e endividada. Em 2019, o Casino entrou em recuperação judicial na França e, recentemente, o controle foi transferido para o bilionário tcheco Daniel Kretinsky.
Para gerar recursos, o GPA iniciou uma série de desinvestimentos. Primeiro, separou a rede de atacarejo Assaí (ASAI3), que se mostrou uma operação bem-sucedida. Em seguida, vendeu o e-commerce Cnova e a participação na Éxito. Agora, está em processo de venda da rede de postos de combustíveis.
Desafios e potencial de recuperação do Grupo Pão de Açúcar
O Pão de Açúcar enfrenta o desafio de recuperar sua relevância e rentabilidade. Com uma marca forte e uma posição significativa no mercado de São Paulo, a rede ainda pode atrair investidores estratégicos. Recentemente, o GPA realizou uma oferta primária de ações, arrecadando R$ 704 milhões, o que diluiu a participação do Casino para 22,5%.
Embora alguns gestores vejam potencial de recuperação no GPA, a empresa ainda enfrenta muitos desafios, incluindo despesas financeiras elevadas e passivos contingentes. No primeiro trimestre de 2024, o GPA reportou um prejuízo líquido de R$ 407 milhões, destacando a necessidade de um turnaround significativo.
Marcelo Pimentel, CEO do Pão de Açúcar desde março de 2022, está focado em revitalizar a operação supermercadista original. A empresa está investindo na modernização das lojas, expansão via Minuto Pão de Açúcar e em tecnologia. Apesar das dificuldades, Pimentel destaca melhorias contínuas, como a redução da dívida e avanços na margem Ebitda.
Futuro ainda é incerto
Embora a empresa esteja em uma fase de reestruturação, o futuro do GPA ainda é incerto. O interesse de investidores experientes como Ronaldo Iabrudi e a gestora de recursos SPX sugere que há potencial de recuperação. No entanto, a maioria dos analistas permanece cautelosa, recomendando a manutenção das ações ao invés de novas compras.
O Grupo Pão de Açúcar está em um momento crucial de sua trajetória, retornando ao foco em supermercados após anos de diversificação mal-sucedida. A nova gestão está trabalhando para melhorar a operação e atrair investidores, mas a recuperação total ainda depende de superar inúmeros desafios financeiros e operacionais.