A recente tragédia no Rio Grande do Sul, que resultou em mais de 140 mortes e afetou milhões de pessoas, evidenciou a falta de preparo do Brasil para enfrentar desastres naturais de grande magnitude. Com eventos climáticos extremos se tornando cada vez mais frequentes, o setor de seguros e resseguros surge como um aliado crucial na implementação de soluções para mitigar os impactos de enchentes, deslizamentos e outras catástrofes.
Em regiões frequentemente atingidas por desastres, como o Caribe e o México, governos locais criaram “fundos de resseguro” para ajudar na compra de apólices de seguro e viabilizar a reconstrução das áreas afetadas.
Assim, esses fundos utilizam recursos privados para financiar as obras de recuperação, minimizando o risco fiscal para o governo. Portanto, esses modelos permitem uma resposta rápida e eficiente às catástrofes, além de garantir a disponibilidade de recursos para reconstrução.
Questões globais das seguradoras
O México contrata anualmente um “seguro catástrofe”, que em 2022 custou 750 milhões de pesos (US$ 45 milhões) para uma cobertura de US$ 485 milhões. O Banco Mundial aponta que 40% do território mexicano e um terço da população estão expostos a múltiplos riscos catastróficos. Da mesma forma, a Inglaterra implementou o programa “Flood Re”, que subsidia parcialmente os seguros contra enchentes, tornando a cobertura mais acessível para populações em áreas de risco.
O mercado de resseguros é essencial para absorver riscos desastrosos, com 40% a 50% dos prêmios de resseguro oriundos de catástrofes. No Chile, por exemplo, a aquisição de seguro contra catástrofes é obrigatória para compra de residências.
Seguro catástrofe vem sendo discutido por seguradoras
A Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) propôs criar um seguro catástrofe no Brasil, que oferece uma indenização emergencial de R$ 15 mil por moradia, paga imediatamente após a decretação de estado de emergência ou calamidade. Este seguro seria financiado por uma taxa nas contas de energia e incluiria, além da indenização por danos materiais, um auxílio-funeral.
A CNseg também planeja criar um “hub” de informações sobre perdas seguradas decorrentes de eventos climáticos e propôs a formação do Conselho Nacional de Segurança Climática para coordenar ações entre os governos federal, estaduais e municipais, e representantes do setor privado e acadêmico.
Está em debate com o governo a criação de um fundo catástrofe de seguro rural. Este fundo ajudaria a mitigar os riscos para produtores e seguradoras, garantindo apoio financeiro em caso de desastres.
Assim, a tragédia no Rio Grande do Sul sublinha a urgência de fortalecer a infraestrutura e as políticas de seguro e resseguro no Brasil para melhor enfrentar os desafios das mudanças climáticas. Por fim, a implementação de modelos preditivos e a criação de fundos de resseguro são passos fundamentais para proteger a população e garantir uma resposta eficaz às catástrofes futuras.