Na última edição da VidCon, realizada em Anaheim, Califórnia, a discussão sobre o futuro da indústria do vídeo, streaming e criação de conteúdos atingiu um ponto com a revelação de detalhes sobre o algoritmo do YouTube.
Entre as muitas sessões e painéis, um dos mais concorridos foi aquele em que Todd Beaupré, diretor de Crescimento & Descoberta do YouTube, esclareceu diversos mitos e dúvidas sobre o funcionamento do motor de recomendações da plataforma.
A sessão revelou como o algoritmo opera e ofereceu aos criadores uma nova perspectiva sobre a maneira como suas produções são distribuídas e recomendadas.
A Verdade Sobre o Algoritmo
Todd Beaupré desmistificou a ideia de que o algoritmo do YouTube “empurra” vídeos para cima dos usuários. Em vez disso, ele explicou que o algoritmo “vai buscar vídeos para mostrar” aos espectadores.
De acordo com Beaupré, que está na Google há 14 anos, os fundamentos do algoritmo não mudaram nos últimos dez anos. Ele enfatizou que não existem “castigos algorítmicos” e que a premissa básica do sistema é sempre centrada na audiência.
O algoritmo do YouTube é baseado em uma fórmula complexa que leva em conta vários elementos. O comportamento do usuário na plataforma é um dos principais fatores, incluindo quais canais ele assina, o tempo que passa assistindo a vídeos desses canais e se há vídeos recentes desses canais que possam ser sugeridos. Esse processo é descrito como “personalização básica”.
Adicionalmente, o YouTube utiliza um método denominado “filtro colaborativo”, que sugere vídeos com base nas preferências de outros usuários com perfis semelhantes.
O Papel das Redes Neurais e Deep Learning
Beaupré também destacou a importância das redes neurais e do deep learning na afinação das recomendações. Essas tecnologias analisam uma vasta gama de dados, incluindo visualizações, pesquisas, frequência de uso e intenção do usuário para ajustar as recomendações oferecidas.
O sistema considera cada vídeo individualmente e avalia a reação de cada espectador de forma isolada. Isso significa que o algoritmo não opera com base na reputação geral de um canal, mas sim na resposta específica de cada usuário individual.
Mitos e Realidades
Uma das grandes revelações foi a desconstrução de mitos sobre a maneira como o algoritmo lida com canais e vídeos. Muitos criadores acreditam erroneamente que o algoritmo decide que seus canais não são mais relevantes, mas Beaupré garantiu que isso não é verdade.
O que realmente importa é a reação dos espectadores individuais. Se um usuário não está interessado em um determinado tipo de conteúdo, esse conteúdo não será promovido para esse usuário, mesmo que venha de um canal que ele siga.
Rene Ritchie, que atua como intermediário entre criadores e o YouTube, observou que uma das maiores frustrações dos Youtubers é a percepção de que o algoritmo os despromoveu quando, na realidade, o problema pode ser relacionado à sazonalidade, expectativas desajustadas ou saturação do tema.
Ritchie ressaltou que o tamanho da audiência potencial pode variar conforme o tema e que os criadores precisam se adaptar às mudanças nas preferências da audiência.
Ao entender como o algoritmo realmente opera e reconhecer a importância de criar conteúdo relevante e de qualidade, os criadores podem melhor adaptar suas estratégias para atender às expectativas de suas audiências e maximizar seu sucesso na plataforma.