A escassez de chuvas no Brasil tem gerado preocupações em vários setores, especialmente no sistema elétrico nacional. A estiagem severa está afetando a capacidade de geração de energia hidrelétrica, que é tradicionalmente a principal fonte de eletricidade do país. Neste cenário, outras fontes de energia têm desempenhado um papel importante para garantir o abastecimento.
A falta de chuvas tem levado a uma redução nos níveis dos reservatórios de água em várias regiões do Brasil. Em agosto de 2023, os reservatórios da Região Sudeste e Centro-Oeste operavam com mais de 80% da capacidade. No entanto, em 2024, esse nível caiu para apenas 57%.
Esse fenômeno se repete na Região Nordeste, onde os reservatórios, que estavam com quase 75% da capacidade em 2023, também caíram para 57%.
A Região Norte, apesar de sofrer com a estiagem, apresenta uma situação relativamente mais confortável devido à localização dos seus reservatórios, que estão fora das áreas mais severamente afetadas pela seca. A diferença de impacto entre as regiões é um reflexo direto das condições climáticas variáveis e da distribuição geográfica dos recursos hídricos.
Medidas e recomendações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)
Diante da crise hídrica, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) emitiu recomendações importantes para gerenciar a situação. Entre as medidas recomendadas estão restrições no uso de algumas bacias hidrográficas, como as dos rios Tietê, Paranapanema e São Francisco.
Além disso, o ONS sugeriu a redução da operação de certas usinas hidrelétricas para evitar o esgotamento dos recursos hídricos.
Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ, destaca que o cenário até o final do ano não deve cobrir a média histórica de reservatórios, o que significa que os níveis de água devem continuar a cair.
A queda no uso da energia hidrelétrica e o aumento na utilização da energia térmica, que é mais cara e ambientalmente impactante, são evidentes. Contudo, o aumento na geração de energia a partir de fontes renováveis, como solar e eólica, tem contribuído para reduzir os riscos de um apagão.
Diversificação das fontes de energia
A diversificação das matrizes energéticas do Brasil tem sido um fator para enfrentar a crise. O uso de energia solar e eólica tem aumentado, o que ajuda a compensar a redução na geração hidrelétrica.
A variedade de fontes de energia disponíveis ajuda a evitar o risco de um apagão, como explica Nivalde de Castro. A combinação de diferentes fontes de energia proporciona uma maior resiliência ao sistema elétrico.
Desafios e equilíbrio na geração de energia
Jerson Kelman, ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), observa que o principal desafio é equilibrar as diferentes fontes de energia de acordo com a demanda. A geração solar tem um pico de produção ao meio-dia, enquanto a demanda de energia tende a aumentar no final da tarde.
Com a seca afetando a produção hidrelétrica, como no caso da hidrelétrica de Santo Antônio, há menos capacidade disponível para atender a esses picos de demanda. Assim, é essencial que outras fontes de energia aumentem sua produção para compensar as variações na oferta.
Garantia de atendimento
Em nota oficial, o ONS garantiu que o atendimento energético está assegurado e que o Sistema Interligado Nacional possui recursos suficientes para atender à demanda brasileira.
A gestão eficaz das fontes de energia e a manutenção de reservas são fundamentais para garantir a continuidade do fornecimento e a estabilidade do sistema elétrico.