Durante anos, a cartilagem de tubarão foi promovida como um suplemento milagroso, especialmente no tratamento de condições como a artrose. A crença de que tubarões não contraem câncer alimentou a falsa esperança de que sua cartilagem poderia ter propriedades anticancerígenas.
No entanto, pesquisas recentes não apenas desmentem esses mitos, mas também revelam os perigos associados ao consumo desse suplemento. Entenda todos os detalhes a seguir!
A verdade sobre a cartilagem de tubarão
Pesquisadores da Universidade de Miami analisaram amostras de cartilagem de sete espécies de tubarões da costa da Flórida e descobriram que todas continham altos níveis de beta-metilamino-L-alanina (BMAA), uma neurotoxina associada ao desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
Assim, os tubarões acumulam BMAA ao longo de suas vidas por estarem no topo da cadeia alimentar, consumindo presas que ingerem algas contendo essa substância.
Tratamentos falsos, efeitos colaterais e perigos
O uso da cartilagem de tubarão no tratamento de artrose do joelho, por exemplo, se baseia em uma ideia equivocada. O esqueleto dos tubarões é composto inteiramente de cartilagem, evitando o enrijecimento e a deterioração das articulações, levando os fabricantes a sugerirem que o consumo da cartilagem poderia beneficiar as articulações humanas. No entanto, essa teoria não tem nenhum suporte científico.
Além disso, os efeitos colaterais do consumo de cartilagem de tubarão são significativos e variados, incluindo gosto ruim na boca, náuseas, vômitos, dor de estômago, prisão de ventre, pressão arterial baixa, tontura, aumento da glicemia, aumento dos níveis de cálcio no sangue e sensação de fadiga.
Mais alarmante é a presença de substâncias tóxicas na cartilagem dos tubarões, como cádmio, mercúrio e BMAA. Esses poluentes resultam da longa vida dos tubarões e sua posição no topo da cadeia alimentar, tornando a cartilagem potencialmente tóxica para os humanos.
Impacto na vida dos tubarões
O comércio de cartilagem de tubarão não só representa um risco para a saúde, mas também ameaça a sobrevivência dessas espécies. Estima-se que 100 milhões de tubarões sejam mortos anualmente para abastecer o mercado global, que movimenta milhões de dólares.
Desde a década de 1970, a demanda por cartilagem de tubarão aumentou significativamente, levando a uma intensificação da pesca e contribuindo para que 37% das espécies de tubarões estejam agora ameaçadas de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza.
A cartilagem de tubarão não oferece os benefícios de saúde que muitos acreditam e, na verdade, pode causar sérios danos tanto à saúde humana quanto ao meio ambiente. É crucial que consumidores e profissionais de saúde estejam cientes desses riscos e busquem alternativas mais seguras e sustentáveis para o tratamento de condições como a artrose.
Por fim, a proteção dos tubarões e a saúde pública dependem da rejeição de mitos infundados e do suporte a práticas baseadas em evidências científicas.