Em um movimento histórico, cientistas decidiram alterar o nome científico de mais de 200 espécies de plantas devido ao uso de um termo considerado racista. Pela primeira vez, a mudança não foi motivada por razões científicas, mas sim por questões sociais e políticas, refletindo uma crescente preocupação com a inclusão e a justiça social na ciência. Entenda o caso a seguir.
Mudança significativa: de “caffra” para “affra”
Durante o Congresso Botânico Internacional, realizado em Madri, botânicos discutiram e aprovaram a mudança do termo “caffra”, que aparecia em nomes de plantas originárias da África, para “affra”. Embora os pesquisadores tenham inicialmente alegado que a mudança se devia a um “erro de grafia”, a decisão foi, na verdade, uma resposta ao reconhecimento do termo como uma expressão de cunho racista.
A palavra “caffra” tem uma origem árabe e, historicamente, era usada para se referir pejorativamente a não muçulmanos e, posteriormente, a escravos africanos. No sul da África, o termo é considerado extremamente ofensivo, sendo inclusive passível de punição legal.
A partir de 2026, plantas como a árvore coral da costa, anteriormente conhecida como Erythrina caffra, passarão a ter o nome modificado para Erythrina affra. No entanto, essa alteração simboliza um passo importante na luta por uma ciência mais inclusiva e consciente das implicações sociais de suas práticas.
Essa decisão marca a primeira vez em que botânicos optaram por alterar um nome científico por razões sociais, destacando a importância de repensar e revisar terminologias que possam perpetuar preconceitos.
Assim, a mudança, aprovada com 351 votos a favor e 205 contra, reflete o compromisso da comunidade científica em promover um ambiente mais justo e respeitoso, mesmo nos detalhes mais sutis como a nomenclatura das espécies.